Evite meu amor. Sou muito inconstante. Pretérito mal
conjugado, futuro mal planejado e presente em linhas tortas; tenho um rosto que
já não reconheço e habito uma casca que já não me serve. Com um fio de alma
preso à tristeza e um pé na poesia, sou o clichê mais estranho que perambula
por aí, embora tenha nascido mistério e floresça enigma (dou-te a misericórdia
do imaginar e tentar compreender). Inconformada com a inércia e revoltada com
não sei o quê. Colecionadora de palavras; amante dos amantes; à procura de asas
e da cura para a dormência da saudade.
Evite meu amor, por
favor. Eu cobro caro em troca. Sou, assumidamente, uma viciada em solidão, mas
quando me emergem dela, exijo uma atenção que nem eu mesma me dou. Não sei amar
direito; nunca caí por esse mal, mas muito me machuco. Não permita que eu machuque
você. Evite meu amor porque sempre vislumbrei o infinito com imenso desejo e
não me contento com pouco; evite-o por eu ser assim tão tudo e nada misturados
na mesma poção; puro desvario.

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